Entrevista ao Eng. João Ferreira - ETA de Lever
Às vezes sou uma toupeira muito curiosa, mas a culpa é da Tupilde e dos meus filhotes. Estão sempre a questionar-me sobre mil e uma coisas e às vezes eu não sei responder! Por isso, decidi falar com o meu amigo João Ferreira, aqui da Águas do Douro e Paiva e numa agradável conversa, consegui saciar a curiosidade da minha família e pude conhecer melhor o trabalho de um Técnico de Captação e Tratamento.
Perguntei-lhe se um dia tinha adormecido e sonhado com a sua profissão futura. Afinal, descobri que foi uma mistura de intenções e destino! Caricato. Quase terminado o curso de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia do Porto, uma nova disciplina (Projecto de integração no mundo de trabalho) lançou-o na procura de um trabalho. “Na brincadeira”, referiu. Mas na verdade, naquele anúncio de jornal, estava escrito o seu futuro profissional. A vida já lhe tinha mostrado o caminho há muitos anos trás, pois ainda pequeno já o ambiente fazia parte das suas lides diárias e já na faculdade optou pelo ramo poluição. O início do trabalho na AdDP foi uma verdadeira aventura e uma experiência única, pois “pude fazer parte de um projecto ainda no início! Quando cheguei aqui, a ETA de Lever ainda estava a ser construída. Tive formação, juntamente com os meus colegas engenheiros e os futuros operadores da ETA, com a empresa Patterson”. Era o dia 16 de Julho de 1999. Ora, fazendo as contas, foi há 11 anos atrás.
Trabalhar numa Estação de Tratamento de Águas Residuais nunca lhe passou pela cabeça. Talvez porque a oportunidade nunca lhe surgiu e cá para nós, o cheiro laboral não seria o mesmo, pois não?
O perfeccionismo e a vontade de saber um pouco mais sobre as suas tarefas diárias, levou-o à Holanda. Lá, a realidade aquática é muito diferente da Nacional. “Os rios são autênticos esgotos e consequentemente os tratamentos terão de ser muito diferentes dos nossos. As Estações de Tratamento de Água são gigantes e os métodos usados não são comparáveis aos nossos. Aprendi imenso enquanto lá estive. Há métodos que podemos usar na nossa ETA, mas outros não são de todo aplicáveis à nossa realidade”. Ainda aprendi algumas técnicas ao pormenor que são usadas nas ETA’s da Holanda.
Questionei-o quanto à necessidade de haver pessoas numa ETA se há tantas máquinas que substituem os humanos. “As máquinas não são sensíveis e só fazem aquilo que lhes mandamos fazer”. As pessoas são essenciais num trabalho desta envergadura e importância.
Fiquei a pensar que se tantas pessoas sobreviveram sem ETA's no passado porque são tão necessárias hoje em dia? Rapidamente me referiu a qualidade da água de agora e no passado. “A minha tia, já depois de a ETA de Lever ter sido construída disse-me que antigamente a água faltava em casa, constantemente, no verão. Isso agora não acontece”. Deve-se também à pressão na rede. “Dantes, havia pouca água potável para muitas pessoas. Além disso, antigamente, nem todas as pessoas tinham água da companhia. Não havia uma ETAR a descarregar directamente no local onde a água era captada, as águas não eram controladas e a qualidade de vida era diferente. Além disso, o organismo humano habitua-se a determinados factores. Antigamente, não se sabia se determinados problemas de saúde tinham a sua causa na qualidade da água. O investimento feito pela Águas do Douro e Paiva na qualidade e na quantidade foi muito grande e isso revela-se na óptima água que fornecemos aos clientes”.
João, são necessários muitos conhecimentos técnicos e específicos para o trabalho que desempenhas diariamente?
´”O trabalho de um operador da ETA é essencial. A água não é enviada para os municípios se não houver operadores na sala de comando. É verdade que para o meu trabalho, o trabalho efectuado pelos operadores é essencial. Mas os conhecimentos que trago da minha formação são essenciais.
Será que a Natureza agradece a missão laboral diária do João? Que bem fará a Natureza o trabalho do João? Perguntei-lhe se o seu trabalho estava intimamente ligado com a Natureza.
“Sim, tenho uma consciência ambiental muito grande, tanto no trabalho como na minha vida pessoal. Acredito no conceito de poluidor pagador e as ETA’s só existem, porque a água do Rio é poluída. De qualquer forma, no meu trabalho diário coloco todos os conhecimentos pró-ambiente que tenho e todos os outros que vou aprendendo diariamente, tanto em formações promovidas pela AdDP, como as que trago da minha vida pessoal”.
Então é fácil levares para casa muitos conhecimentos que poderás colocar em prática em tarefas tão simples como lavar a louça, não? “Claro! A minha consciência ambiental é igual aqui e em casa. Aliás, aprendo também imensas coisas com as minhas filhas. Não há banho lá em casa que não tenha na banheira um garrafão, para poder guardar a água inicial antes que ela aqueça. Até elas já sabem que há coisas que se fazem lá em casa que estão intimamente ligadas com a consciência ambiental que marca a minha família”.
Faltava ainda a grande questão. Deixei-a para o fim, como jeito de conclusão desta tão animada conversa. Será que o João bebe água da torneira lá em casa? “Confio plenamente na água à saída da nossa ETA. Apelo apenas aos moradores em prédios, que tenham o cuidado de fazer uma limpeza e desinfecção regular dos depósitos da água. Só assim, todas as pessoas poderão ter confiança na água que bebem da torneira. Pois, sabendo que a água fornecida pela Águas do Douro e Paiva é de óptima qualidade, as tubagens e os depósitos que cada um tem até e na sua casa terão de estar em boas condições, para que a água que chega às suas torneiras seja de tão boa qualidade quanto a água à saída da ETA de Lever”.
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