Meixão e a polícia!
Pude ler no Jornal de Notícias de hoje, a seguinte notícia:
Comerciantes pagavam milhares de euros por dicas sobre operações e entrega de enguias apreendidas
Três elementos de autoridades marítimas foram acusados pelo Ministério Público por corrupção e associação criminosa, num esquema relacionado com a apanha ilegal e venda de "meixão" no troço final do rio Douro.
Igualmente acusados, mas por corrupção activa, foram quatro comerciantes apontados como os principais compradores dos juvenis de enguia - cujo preço por quilo vendido para Espanha chega a atingir os 400 euros. O único suspeito que se encontra em prisão preventiva é um elemento da Polícia Marítima que prestava serviço no Porto. Os outros dois membros de autoridades marítimas pertencem à Marinha e tinham funções de fiscalização, um deles na capitania de Leixões.
O esquema foi posto em prática no início de 2007 e era simples. Segundo o MP, os comerciantes não se deixaram intimidar com a proibição da pesca do meixão, mas quiseram jogar pelo seguro. A única forma era garantir a protecção de quem tinha por missão patrulhar o rio.
Para isso, fizeram um a primeira abordagem a um dos elementos da Marinha que, por sua vez, terá levado recado ao colega e ao polícia. A ideia era avisar os comerciantes da existência de acções de fiscalização. Aqueles, por sua vez, avisariam os pescadores ao seu serviço.
Mas a "colaboração" chegava mais longe. Caberia também aos três acusados atacar a concorrência, esvaziando-lhes as redes da preciosa carga, que depois depositavam em locais pré-combinados, ao longo das margens do Douro. Uma das zonas referenciadas é aquela onde estão ancorados os barcos rabelos, na ribeira de Gaia. Os comerciantes recolhiam depois o "meixão".
Nos relatórios das patrulhas que efectuava, entre Gondomar e a foz do Douro, o agente da Polícia Marítima relatava a apreensão, mas dizia que tinha devolvido de novo o "meixão" à água. Daí que esteja acusado também pelos crimes de falsificação e peculato. Noutras ocasiões, durante as patrulhas, destruíam ou apreendiam as redes da "concorrência". Por estes serviços os comerciantes terão pago muitos milhares de euros.
Para além de outros elementos, o Ministério Público apoia-se em dezenas de intercepções de chamadas telefónicas entre os arguidos.
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